terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Disparando

Desastradamente acaricio suas dores. 
E me reconheço em seu olhar triste que foge.

Tento, 

também fugidia,

desvendar o que aflige esse teu peito que se expande.

De repente possa ser um sorriso. 
De repente possa ser o que se dispara.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Os pés pelas mãos. Quando dou por mim já sou emoções incontroláveis Respiro. Excesso de condescendência. Me culpo e me perdoo. Queria que você pudesse ouvir meus gritos internos. Sinto uma espécie de febre de dentro pra fora. Eu rejeito as ideias de possibilidades que possam te ferir. Mas da febre ao sobressalto eu me perco. Tem uma melancolia em meus relatos. Sinto, muitas vezes, que não sei tanto de mim. Sei das miudezas, mas nada sei desses ataques súbitos.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Ir

Sou covarde, me desprotege agora porque não posso fazê-lo. Dos gritos internos transbordo. Socorro. Amplifico as dores das lembranças como veneno, oníricas. Velando meu corpo vivo como se estivesse no fim, sem saída. Quero ir embora para poder ser expansão e nudez. Permito que me negue, que me apague, que me sofra, que me lacrimege. Permaneço. Contando os sonhos que ainda faltam. Socorro. Eu grito não. Ferida sou discreta, outrora sou crua, não grito. Sou covarde, rasgo cartas que nunca escrevi. Falo de mim, sua cria, que não conhece, que não conheço. A que não sou. Socorro.  Quando sonho com o mar revolto me dá medo. Vou partir, te desamparo, tal qual me recordo. Te peço que me solte como quando me esquecia, vingança. Socorro.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

"Eu faço tudo por você"

A calma da cama quente me parece refúgio. Olhar para as paredes úmidas e sentir o vento gelado que vem da janela me faz perceber o presente. Para me sentir e constatar que não sou aquela parede que vejo, tampouco sou o gelado do vento. Sou quente quase cama,e refúgio de mim também. E o agora se distancia quando devaneio. Desarmada me dói tua amargura, me dói o peso das suas feridas em mim. Escuto e desespero. Desespero que não grita socorro, não expando meus impulsos, nem alegrias, porque sou a que cede para que suas palavras duras não sequestrem minha paz. Permaneço quieta, constante e presente. Sou a querida imperfeita, o brinquedo favorito que quebrou, a roupa bonita que não cabe mais. Permaneço silêncio e tantas vezes angústia. Porque sou a que cala e atende. Abraço seu desamparo e minhas ideologias choram. Eu grito todo dia antes de dormir e tenho medo, um medo brando, um sono bálsamo. É de cuidado e crueldade. É amor gigante que sufoca, prende e cega. É seu cafuné e decepção. É um perdão que peço assim em palavras pra desabotoar o que aflige o peito.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Eu, você e o amor imenso

Não quero cautela, quero aquela imensidão dos nossos encontros.
Andar minhas mãos sem medo pelo seu encanto.
Respirando a sua casa aberta
Abraçando a poesia que é seu corpo presente.
Não posso dar mais do que meu amor imenso.
Quero te fazer o inverso do esvaziar, sabe?
Ser sua quando sua, ser leve quando leve
Aconchegando seu olhar-lindeza no meu olhar apaixonado
Quero gerúndiar o amor.
Sentir seu suor devagarinho em mim pra ter certeza que a gente existe. E existir você mais eu.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Eu amo você te amando. E te amo amando você.

''Acho que seria mais fácil dormir se eu deitasse no seu peito''
Derreti. 
Corri para juntar meu olhar com o seu. Sua pele com a minha.
Em segredo. Em silêncio. Em cautela. Em ternura.
Entregue. 
Juntamos nossos lábios cuidadosamente. Imóveis e sutis.
Na manhã. Na doçura. Na minha casa. Na adrenalina.
Idílio. 
Parecia utopia porque não tínhamos dormido. Era irreal porque existia.
Sem figuras de linguagem. Sem mentira. Sem fantasia. Sem expectativas.
Você. 
Nenhum lugar melhor que você. Minha morada aconchegante.


terça-feira, 4 de junho de 2013

Sentimento virando metáfora

Um jardim bem grandão para deitar na rede. 
Na varanda.
Por lá parece que o vento demora mais para ir embora.
Tempinho bom para se espreguiçar e deitar de novo.
Pegar impulso na grade, imaginar que voa.
Os pés descalços no alto da tarde.
Suspiros e olhos fechados para ter certeza de que a vida é boa.
Tenho tanta paz quando esqueço das certezas do mundo.
Meu corpo só existindo e respirando.
Sentindo apenas.
Sem distinguir o lindo do esquecido.
Aceitando o embaraço do cabelo, a pele como é.
Abrindo os braços.
E então tudo é poesia 
e eu simplesmente
amando o amor.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Movediço

Minha paixão é frágil. 
Num instante quero abraçar os seus gestos e gritar o meu amor pelo mundo.
Mas se você escapa, eu amargo. 
Num rompante quero dizer sobre meus sentimentos.
Mas se você escolhe palavras frias, eu rompo.
Minha paixão é derramamento fugaz.
Num dia eu quero loucuras e nudez.
Mas se você não vem, eu adormeço.
Num minuto quero você só pra mim.
Mas se você se divide, eu ciúmo.

Minha paixão transita.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Imensurável

Já era tão tarde. Eu ali, madura e emagrecida. O mundo sempre esmagador e cheio de encantos escondidos. Nas horas nada encontro, apenas quando perco tempo. Dá para medir coisas com o tempo? Tenho 2 meses de caos dentros de mim. Dois meses é pouco. Eu tenho um caos que me acompanha e não se mede. Os meses são de inquietação. Prefiro medir com ímpares. 3 vidas de desassossego, aí sim. Acho que prefiro medir as coisas por vida. Não. Não gosto de medir nada. Essa inquietação que transborda não tem tamanho que eu possa explicar, assim como nada em mim parece ser nominal. É tudo abstrato e pessoal por inteiro. Sinto tudo por inteiro, cada pedacinho é tão importante. Parte por parte saboreio meus atrasos, minhas tarduras. Talvez se fosse tão cedo eu estaria semente ainda. Acho que só amadureço depois das coisas todas. Depois que todos anoitecem, meu sol aparece. Tenho o tempo do mundo invertido. Não me comprometo em sincronizar os relógios, às vezes bate certo e comemoro porque isso é tão extraordinário como ouvir sua poesia favorita ser declamada pelas ruas. O tic tac encolhe a gente, esse barulhinho deixa a gente pequeno e refém. Quebrando os ponteiros se pode ouvir os passarinhos do caminho, prestar atenção nas conversas de estranhos, se entregar à palpitações, dançar sem música com seu amor. Sem os ponteiros não seria tarde. Nem cedo. Seria, apenas. E de ser é que a gente se preenche.


quarta-feira, 20 de março de 2013

Os pesadelos dominam as manhãs silenciosas.
Existência que se espalha
Sinto saudades da vida que sonhei
Ao ser crescida temi o mundo todo
Medo tolo e dominante
Estremeço se caminho
Nada tem brilho
As cores são só cores
O dia lá fora é apenas o dia
e todas as obrigações gritantes sequestram minha paz
Cadê a vida que eu vi passando?
Descontrole de emoções é um alívio perigoso
Me distancio do prosaico
Esqueço de acordar
Nada é suficiente, nem a dor, nem o nada
Meu corpo é jovem e tantas vezes seco.
As cicatrizes mais chegadas não dormem cedo.
Queria ouvir o som dos pássaros da árvore perto da parada de ônibus
Pra saber que outros ciclos funcionam, que outras asas sabem bater.


 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Enlevo

Como eu poderia imaginar você?
Como imaginaria seu toque quando suave ou sua libido quando refratária?
Eu encaixaria você nos meus sonhos, talvez.
E sentiria sua falta ao acordar.
Esperaria um trem sem saber o motivo.
Perderia o juízo se visse você passar.
Conheceria você e chegaria bem perto.
Seu hálito provocaria um arroubo, daqueles que você sabe encarar.
Eu te conheceria mesmo sem te conhecer. Você sabe.
Como eu poderia não imaginar você?
Como não imaginaria seu êxtase quando absorta ou seu bamboleio quando lasciva?
Eu me perderia em seu corpo, evidentemente. 
E enlaçaria sua presença ao acordar.
Esperaria o trem conscientemente.
Perderia o juízo se visse você partir.
Conheceria cada parte de você e observaria de perto.
Seu sussurro causaria arrebatamento, daqueles que eu sei te fazer encarar.
Eu te amaria mesmo só podendo te imaginar. Você sabia?