sábado, 31 de julho de 2010

Cor

Ofereceu sem pensar muito no porvir:
- Pegue, agora é seu.
Em troca recebeu um olhar tímido que não soube decifrar, mas seus lábios pareciam ignorar a curiosidade e descontrolados abriram passagem pro sorriso, como cortinas vermelhas de palco. Juntaram as mãos uma na outra feito promessa.
- Pode cuidar como quiser, viu ? Não se preocupe ... Tenha medo não.
Os abraços foram ficando fracos...
- Tenha medo não ...
A sinceridade veio assim num repente.
- Como quiser, viu ?
Mãos, pele, vento, cobertor.
- Medo não ... cuida, viu ?
Lembranças que impediam de querer o fim, assim como impediam de pedir de volta.
Mas nem toda doçura e liberdade, nem todo o bem. Doeu. Pegou de volta não, deixou metade.
- Se cuida, viu ?


domingo, 18 de julho de 2010

Gavetas e lençóis

Que se talvez ao invés de amores distantes
houvesse um amor que de tão perto não pode ser?
E se talvez ao invés de tudo que se pode esperar de duas pessoas
houvesse pessoas que gostam de prever e complicar?
É que talvez pudesse ter sido se não fosse...
e talvez ninguém entenda além delas e nem elas entendam muito além.
O medo talvez paralise o sentimento
e talvez esse sentimento seja tão diferente que nem sentir elas sabem não.
Sabem tocar...
Grandes sonhadoras que não cabem em uma vida só... em um sonho só.
Se despedir de um sonho não é fácil para quem se apega a ele.
Saem as duas um tanto feridas do sonho que tiveram
Um tanto saudosas dos belos momentos.
É que o tempo ajuda a fechar as gavetas e talvez o lençol deixe de caber na cama nova.
E fique assim dobrado, quietinho, cheio de histórias pra contar.