terça-feira, 31 de julho de 2012

Resposta nº 1

Depois da sua ausência dei pra sonhar com você toda noite,
não escuto o telefone,
falo sozinha mais que antes.
Tenho que relembrar as dores toda hora
para não ceder ao impulso de discar seu número.
Depois das suas desculpas repetidas dei pra não acreditar em mais nada que você dizia,
desconfiei das suas eternas esquivas,
senti vergonha do meu desamparo.
Tenho que esquecer nossas alegrias todo o tempo
para não me entregar à saudade.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Desvario

A moça tinha cheiro de roupa velha, daquelas de fundo de armário. Seus passos eram apertados, o oposto de seu vestido. Um vestido florido e folgado de amarrar na nuca. Por onde ela passasse, os olhares do caminho queriam desatar o nó que encobria sua nudez. O cabelo ondulado e balançante era um convite ao flerte. Dava vontade de acompanhar a dança todo dia pra guardar o sorriso que ela sabia causar. Mas bem se sabe que a moça tem pressa e tem pressa, também, a vida a me chamar.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Embaraço

Ao pé do ouvido, o estalar dos beijos roubados. A cintura vacila, mas, já refém de seus braços, se entrega. Seus braços. Nem sei dos meus, quão seus. Desconfio que passearam pelas suas costas. Me lembro das minhas mãos repousarem na sua nuca. Ou seriam as suas na minha? Me recordei que eu tinha resolvido esquecer. Mas, dos arrepios às risadas, minha pele se lembra. A gente se confunde porque a gente se perde no passeio do corpo-canção. 



Entre o chão e os ares - Camelo

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Descuido

Por todos os desamores insanos que pude contar
se fez a solidão no colo carente de abraços e poesia.

"A felicidade morava tão vizinha 
Que, de tolo, até pensei que fosse minha
Do lado de lá tanta ventura
E eu a esperar pela ternura
Que a enganar nunca me vinha
" - Chico