quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Afinidade

- Dói ?
- Só queria que parasse...
- Piora se eu ficar aqui ?
- Acho que só você que faz melhorar.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Maré

E então você levou tua mão até minha cintura
como um laço.
Apoiou tua cabeça em meu colo.
E te abracei sem culpa.
Velei teu sono,
teus cílios,
teus pés macios.
E recaí, confesso.
Não se preocupe !
Vai cessar de novo ...
e retornar
e cessar ...
e então, um dia
a gente espera
evaporar.




Liberdade

Só não espere
que eu não sinta.
Eu sinto muito.
Só não espera
que eu esqueça.
Eu lembro muito.
Se não espero
é que eu já esperei demais.
Eu espero muito.
Só não me espere
pode ser que eu não volte,
que eu não vá,
que eu volte outra.
Eu vôo muito.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

À ventura.




Andava pelas calçadas,
cheia de certezas e fugas.
Mas aquela estrada de barro ...
Pisei assim descalça mesmo.
Larguei mão do costume
e caminhei pelas suas sinuosas curvas
sem destino.
E a rotina me parecia distante.
E o acaso me fascinou de repente.
Tinha sempre uma flor no caminho,
uma lama macia,
um arrepio de vento.
O chão me convidava e eu rolava assim sem hesitar.
Era como meus vôos longos de devaneios,
e eu só via que era real quando sentia meus pés sujos e felizes.
Me ausentei dos dilúvios imaginários,
dos compromissos inadiáveis.
Porque era a liberdade aventureira que gritava,
o meu olhar mais bonito que brilhava.
Era só eu e todo aquele caminho castanho incerto.