sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Amor, paixão e as flores que você me deu

Eu senti suas lágrimas na minha pele e todo meu corpo era só "amo você".
Meu afeto queria sair pela boca.
Eu queria ter detalhado mais.
Queria ter dito sobre cada parte de você que faz com que eu queira ficar mais perto.
E dos rompantes que fazem meus lábios correrem ao encontro da sua pele.
Meu corpo comemora todos os dias depois que te conheci.
A harmonia invade a minha vida pela primeira vez. 
Você floriu tudo dentro de mim.

Deleite

Cada parte do meu corpo se alegrou. 
Seus olhos me inspiram contentamento.
Uma plenitude que estranho.
Palpitações serenas, sorriso tranquilo.
Eu poderia chamar de paz, mas não cabe em uma palavra.
Explicaria citando meus versos de amor favoritos, mas faltaria a gente.
Acho que olhar pra mim quando te olho chegaria perto das emoções que me invadem.
Como naquela conversa que tivemos, o que meu corpo sente em relação ao seu é impreciso.
E é nessa imprecisão que me encanto, que cedo, que me redescubro.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Temporal

Lembro de não querer. Seduzida, me entreguei tão fácil como se você recriasse aquela que era sua, eu, que agora já não sou. Parecia que a distância entre nossos lábios não era mais a mesma que já foi. Aquela distância enorme que conhecíamos tão bem. Eles se encontraram sem atravessar abismos. Foi a sua boca e a minha num beijo novo. De começo brando, tempestivo, por fim quase revolto. Cadê os muros que separavam nossos corpos? Onde guardamos nossos medos e culpa? Enquanto seu olhar me acolhia, suas mãos faziam com que eu me perdesse. Suas palavras em sussurro preenchiam o tempo, mas não calaram minhas incertezas. Ao vento, minha respiração cautelosa e minha curiosidade quase que infantil. À você, genuinamente, meu corpo. Ao dia, descabidas lembranças com gosto de melancolia.


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Revés

Era de vidro, pensei ontem no banho.
Era de vidro resistente, é bem verdade. Tantas vezes resistiu à quedas. Mas quando se quebrou, tudo em volta eram luzes e cacos. Um tapete de cortes. Admirei toda aquela bagunça previsível. Das emoções que já senti contigo, essa foi a de maior desastre. 

sábado, 6 de outubro de 2012

Plutão e todo seu encanto

Foge não.
Deixa meu afeto te tocar de leve como os seus beijos preferidos.
Se você ficar mais um pouco, posso te fazer carinho até você adormecer e ouvir seus traumas e te olhar tímida com medo de que você perceba.
Não se assuste.
Vamos imaginar que talvez tenha sido magia como o vinho do amor que você me falou ontem.
Eu já me assustei, tamanho foi o espanto que me causou a rapidez com que nasceram esses sentimentos todos.
Fica aqui.
Prometo que as dores serão bonitas como nos nossos filmes favoritos.
Quando você disser que quer me encontrar eu vou tentar me levar inteira e me entregar até que você confie em mim e me dê sua mão enquanto a gente caminha pela cidade.
Vou te esperar.
Essas palpitações me dão um medo daqueles bem bons de sentir como frio na barriga.
Combinei comigo mesma que vou esperar você me chamar e vou ficar aqui torcendo pra que seja logo, pra que meu cheiro mate a saudade do seu.

- Pra explicar o inexplicável, a gente diz que foi o vinho do amor. - É uma não explicação muito linda, mas o vinho é só um pretexto. - Ao menos ele serve pra dar coragem.   ...   - O vinho do amor! A paixão é uma espécie de embriaguez.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Névoa e coração

A neblina sempre me inspirou devaneios. Hoje a tarde eu quase achei que podia tocar na felicidade. O vento gelado ultrapassando o casaco de lã me provocava arrepios responsáveis pela minha conexão com a realidade. Até que surgiu o choque em desespero, apenas a vida invadindo meu recanto. Não controlo as mãos que tremem assustadas, nem as contrações involuntárias que aparecem vez ou outra. Plenamente na realidade, procuro o que me entorpeça. Entristeço, inevitavelmente. E escolho, prosaicamente, fechar os olhos e, medíocre e frágil, tento adormecer.


terça-feira, 31 de julho de 2012

Resposta nº 1

Depois da sua ausência dei pra sonhar com você toda noite,
não escuto o telefone,
falo sozinha mais que antes.
Tenho que relembrar as dores toda hora
para não ceder ao impulso de discar seu número.
Depois das suas desculpas repetidas dei pra não acreditar em mais nada que você dizia,
desconfiei das suas eternas esquivas,
senti vergonha do meu desamparo.
Tenho que esquecer nossas alegrias todo o tempo
para não me entregar à saudade.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Desvario

A moça tinha cheiro de roupa velha, daquelas de fundo de armário. Seus passos eram apertados, o oposto de seu vestido. Um vestido florido e folgado de amarrar na nuca. Por onde ela passasse, os olhares do caminho queriam desatar o nó que encobria sua nudez. O cabelo ondulado e balançante era um convite ao flerte. Dava vontade de acompanhar a dança todo dia pra guardar o sorriso que ela sabia causar. Mas bem se sabe que a moça tem pressa e tem pressa, também, a vida a me chamar.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Embaraço

Ao pé do ouvido, o estalar dos beijos roubados. A cintura vacila, mas, já refém de seus braços, se entrega. Seus braços. Nem sei dos meus, quão seus. Desconfio que passearam pelas suas costas. Me lembro das minhas mãos repousarem na sua nuca. Ou seriam as suas na minha? Me recordei que eu tinha resolvido esquecer. Mas, dos arrepios às risadas, minha pele se lembra. A gente se confunde porque a gente se perde no passeio do corpo-canção. 



Entre o chão e os ares - Camelo

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Descuido

Por todos os desamores insanos que pude contar
se fez a solidão no colo carente de abraços e poesia.

"A felicidade morava tão vizinha 
Que, de tolo, até pensei que fosse minha
Do lado de lá tanta ventura
E eu a esperar pela ternura
Que a enganar nunca me vinha
" - Chico

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Tamanho 38-39

Era um sapato caladão e bege, mas era confortável como andar de meia anti-derrapante. Nunca deixava tropeçar, era atento às necessidades dos pés. Teve um dia que decidiu atender aos seus impulsos. Adorava poças, mas nunca se atrevia, nesse dia ele resolveu se lambuzar na lama como se não houvesse amanhã. Esqueceu das meias brancas, das frieiras, parecia que era só ele e todo aquele marrom pastoso, pingos para todos os lados. De poça em poça curtiu todas as águas que pôde. Se entregou à imprevisibilidade das enchentes, fugiu das calçadas secas, do descanso da cadeira. E quando chegou o sol, seco, ele teve certeza que aproveitou o mundo com tudo o que podia, de nada mais precisava, nem de pés, nem de caminhos. Guardou-se feliz.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Estreiteza


Vivia numa quase-vida, amava sempre um quase-amor.
Se cansava quase-sempre, planejava uma quase-fuga.
De noite ela quase chorava e esperava o quase pavor ir dormir.
Meio que sonhava, meio que partia.
Quase nunca a inteireza.
Quase nunca o desvelo.
Quase nunca o ardor.



domingo, 10 de junho de 2012

Ausência

Aquele sol fraco de fim de tarde poderia me completar, pensei. Vou me arriscar na noite.
O outono me permite o aconchego das cobertas e do açúcar, mas ainda há muita ausência ao meu redor.
É tudo melancolia - na grama verde molhada de chuva - por onde eu passei apressada naquela manhã.
Não saberia dizer se tinha alguma parte seca em mim, eu era só tempestade. As gotas eram fortes e doídas como boas lembranças que a gente acha melhor esquecer porque o futuro não foi bom.
Não foi pelo fato ou pela rejeição. Chovi pelo desamparo, pelo despertencimento, o descuido, as mãos desenlaçadas bruscamente. Acho que rapidez sempre me assustou muito. Lenta e gradual, sempre me fere o tempo.
De repente eu quase tropecei naquelas palavras, após minha quase queda, pedi sem brio:
- Não faz mais isso não, não quero cair... não agora.
Mas naquele dia, ignorei todos os indícios, calei minha intuição gritante, não reparei no visível ... fez-se a queda. Assustada, não me interessavam as circunstâncias, tremi por raiva, medo ou descrença, assim como uma criança que chora ao perceber que existe o olhar do outro, foi vergonha também. E desilusão. 



"É no espelho que eu vejo a minha mágoa
E minha dor e os meus olhos rasos d'água" Nelson Cavaquinho


domingo, 3 de junho de 2012

Andorinha

Você me dói como um amor não vivido, como uma carta rasgada que eu nunca enviei,
me dói como o nascer do sol, como o medo de mar.
Você me dói como um desejo negado, como um sonho irrealizável.
Você me dói e sabe, você me dói e fica, e cura, me dói e eu sorrio ainda.
Você me dói quando não vem e quando me visita.
Você me dói como fim de romance, como chocolate perdido.
Você me dói das palpitações aos espasmos.
Você me dói como esquecer.



sexta-feira, 25 de maio de 2012

Qual é o oposto do medo?

Descer do muro, pular a cerca, invadir.
Ausência da ilusão, pontualidade.
Um beijo clandestino na nuca. Causar arrepios fortuitos.
Concretude apraz. 

terça-feira, 22 de maio de 2012

Vai serenar

A menina sentou e ficou admirando o vermelho forte do corte do seu joelho.
Doía, mas ela negou todos os remédios.
Nunca foi de anestesias, queria sentir o que deveria ser experimentado.
"Assim demora mais pra cicatrizar e a marca fica."
Deu de ombros. Ela jamais escolhia a solução mais prática.
Talvez o segredo esteja nas cicatrizes, se orgulhava com ternura.
Sem pretensões de futuras coleções, só queria a experiência que lhe cabia.
Além de encar(n)ar a dor, não era lá de grandes ambições.


Longe é só um lugar onde a gente nunca vai. - Alice





sábado, 28 de abril de 2012

O amor e seu trabalho silencioso

Me encanta o extraordinário 
me desajusta, entorpece
Seguro em segredo essa disritmia 
Aguardo, respiro, distraio
Me engano e sonho o dia inteiro
Com vida sorrio
e releio e suspiro
Voando boba, 
levíssima e facílima. 

"Vai pegar feito bocejo
Ou que só o sentido vê
Instigado num lampejo
Despertado pelo beijo
Que o baile parou pra ver

Da marchinha fez silêncio
Num silêncio escutei
Uma disritmia em meu coração
Que se instalou de vez" Céu

domingo, 8 de abril de 2012

O amor não sendo suficiente

- Sempre fica faltando alguma coisa.
- Eu também acho.
Rompeu-se. Depois do fim ainda ficou faltando. Acho que pra mim ainda mais que antes. Falta a presença e suas consequências. Sobram lembranças de abraços noturnos, sua mão, a minha, todas aquelas sensações bonitas, sua voz por horas na madrugada sem fim e dava pra sentir você até mesmo pelo telefone. Ainda dá pra sentir você, muito. Faltam alívios e paz. E sobre o cansaço, já cansamos de escutar. Amor tem tanto. Tanto, amor. E mesmo depois de desatado, o nó ainda fica apertado, cortante, gritando que dói.
- É preciso tempo, meu bem.
- É.
Tudo o que eu sinto parece grande e bonito demais para que eu deixe ir e eu tenho medo. Tenho medo desse tempo, medo que cure. Talvez por apego. Eu queria tanta coisa, fiquei assustada, me escondi e quando eu te encontrava a insegurança me prendia e acabava com meus impulsos. Era só você se aproximar e as palpitações me visitavam outra vez. 
- Eu preciso ir.
- Por que?
- Senão não estarei sendo sincera nem com você, nem comigo.
Eu queria ter tocado em você mais vezes e ter te roubado beijos quando eu tive vontade, queria poder ter te falado que te amava quando eu tive certeza e perguntar qual a parte da sua nuca eu deveria acariciar. Acho que eu não soube colocar meu amor em ação, não soube tirar você pra dançar. 
- Queria te ver e ficar abraçada com você até passar.
E eu que sofro de saudades infinitas, de dores imensas e imaginação fértil fico imersa. Descompassada, tão menina, apaixonada ainda, tento acreditar nessa sensação de fim.






sexta-feira, 30 de março de 2012

Caberia dizer que me assusto com facilidade
ou caberia não falar nada e não encaixar os meus nãos
e ser toda sim, aceita, sorrisos e paz.
Não me caberia mais nada que não me saísse
ou só me caberia o nosso silencio por fim.
De não caber já basta toda a realidade que não entra,
todo querer que sem liberdade, se esvai.
Queria caber no seu melhor sorriso de fim de tarde
e lavar as descabidas dores que te trouxe.


sexta-feira, 16 de março de 2012

Catarse


Minha tempestade veio tamanha nesse dia chuvoso que ao ler um "eu te amo" desconhecido, chorei.
E nesse dia ao me ler, desconhecida, tamanha, chorando "eu te amo", chovi minha tempestade.

segunda-feira, 5 de março de 2012

A beleza

Sua ternura é tão poesia que nem encontro as palavras quando penso em te descrever.
As mudanças que te sequestram, não roubam a gentileza dos seus gestos, nem o seu olhar manso quando deita já cansada.
Nem que eu escrevesse a noite toda, ou inventasse significados ou esboçasse traços indisciplinados, nada disso caberia você. 
Não se pode te prender, seria prosaico e impróprio. 
Nem pelo que não se é ainda, mas pelo tanto que está. 
Você "está" muito, mesmo quando fica pouco e se vai. 
Tão lindo quando se permite ser por vontade, leva a beleza da liberdade em seu chapéu e o olhar travesso de outrora. 
Tão linda de ser quando se encanta por descuido, diz que não se leva inteira, mas a parte que vai ou a que fica guarda as lembranças dos momentos que quando despertos dói bonita de ouvir e sentir.
De tudo, pra mim, você é a mais bonita de ouvir e sentir.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Ferido


Não dizer faz doer cada palavra aqui dentro.
Afiadas e tão prontas pra se despedir de mim
eu as agarro com força e silencio tudo.
Quando me calo, só a voz não me entrega
todo o resto do meu corpo é só descuido e sinceridade.