segunda-feira, 30 de setembro de 2013

"Eu faço tudo por você"

A calma da cama quente me parece refúgio. Olhar para as paredes úmidas e sentir o vento gelado que vem da janela me faz perceber o presente. Para me sentir e constatar que não sou aquela parede que vejo, tampouco sou o gelado do vento. Sou quente quase cama,e refúgio de mim também. E o agora se distancia quando devaneio. Desarmada me dói tua amargura, me dói o peso das suas feridas em mim. Escuto e desespero. Desespero que não grita socorro, não expando meus impulsos, nem alegrias, porque sou a que cede para que suas palavras duras não sequestrem minha paz. Permaneço quieta, constante e presente. Sou a querida imperfeita, o brinquedo favorito que quebrou, a roupa bonita que não cabe mais. Permaneço silêncio e tantas vezes angústia. Porque sou a que cala e atende. Abraço seu desamparo e minhas ideologias choram. Eu grito todo dia antes de dormir e tenho medo, um medo brando, um sono bálsamo. É de cuidado e crueldade. É amor gigante que sufoca, prende e cega. É seu cafuné e decepção. É um perdão que peço assim em palavras pra desabotoar o que aflige o peito.

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