quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Devestir.

Era um vestido que já nasceu fora de moda.
Seus valores eram mutáveis
e tinha o pano aberto.
Suas cores não tinham nome,
tão indefinidas como seus dons,
tão mornas como seus dotes.
Era meio desajeitado,
cintos não lhe caíam bem.
Gostava mesmo era dos tecidos amarrotados e livres.
Não gostava da gaveta em que ficava,
queria passear pelos cabides,
pelas peles jovens onde pudesse deslizar o quanto quisesse.
Imaginava como seria desfilar por corpos afora
desbravando cinturas e percorrendo quadris.
Tanta costura fora daquele armário velho...
tantas manchas lá dentro.
Entretanto, ele só queria ser vestido,
mas o mundo esperava mais.



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