quarta-feira, 4 de junho de 2014

Ao amor meu que me salva da vida

Eu poderia queimar meus sonhos um por um.
Em vez disso eu deito em teu peito e choro. Choro manso às vezes, vez ou outra choro com soluço de desespero. Encho de lágrimas, todas as vezes, teu colo aberto e quente.
Eu também poderia rasgar meus desejos impossíveis.
Em vez disso eu divido com você as fraquezas minhas e as do mundo enquanto você permanece atenta às minhas chatices insistentes.
Eu poderia ainda afogar as minhas ideologias, uma por uma.
Em vez disso eu visito tua casa, deito em teu sofá, bagunço teu cabelo, teu chão, tua vida. E grito meu afeto em tua boca.
Eu poderia, embora queira nunca, vender meu tempo.
Em vez disso sossego o coração com as tuas palavras que me enchem de esperança. E danço com você sem ter música tocando. E admiro a tua gargalhada. E passo a apreciar algumas surpresas, as tuas. E começo a reparar nos postes da cidade. E erramos nas escolhas dos destinos. E beijo-te em frente ao portão. E sentimos frio, desliga o ventilador. E sentimos calor, liga o ventilador. E sinto vontade de você todo dia. E você sente calafrios. E sonho com você. E você sonha comigo. E cantamos músicas brasileiras em espanhol. E canto sem saber cantar. E danço sem saber dançar. E amo, muito.

Nos braços teus, amor meu, que sinto a vida sendo genuinamente boa.

Um comentário: