sexta-feira, 29 de abril de 2016

Espinhos

Em que canto cabe esse meu implorar patético por mais amor?
Já não cabe mais na nossa casa que eu construí sem trancas nas portas.
Já não cabe mais no meu baú de palavras não ditas.
Cabe tampouco nas minhas insônias.
Aonde posso largar esse meu desamparo ridículo?
Não encaixa na nossa manta coberta de pecados inconfessáveis.
Não fica bem quando dita de longe nem quando dita de perto.
Não combina com as suas asas tão finas.
Onde eu posso enterrar essa parte torta do meu amar?
Parece não ter jeito de ficar no nosso quintal.
Também não tem espaço na harmonia da nossa partitura.
Nem mesmo fica dentro de mim.
E, por fim, em que pedacinho de nós cabe a minha feroz insegurança?
Nas minhas palpitações.
No meu medo bobo.
Na minha unha não feita.
No meu arrependimento.
Nas minhas poesias.
No meu pedido de desculpas.
Na minha ânsia de saber tudo.
No meu delírio.
Em mim.

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